domingo, 21 de fevereiro de 2010

A atuação plena e o papel de uma nova burocracia

É engraçado que, enquanto o mundo novo nos remete à multidisciplinaridade no método, às análises estruturais no nível de observação, a uma vida plena de cidadania, cultura, trabalho e laços sociais, a burocracia entende que o melhor é se insular em nome de um puritanismo tecnocrático inalcançável.
Obviamente, não é aplicável a todos, mas me parece essa ainda uma "força profunda" dentro do estado. Uma força despolitizante e acomodada. Há alguns, no entanto, que passam a se movimentar, e fazer coceira no corpo enferrujado da burocracia. Espero que esteja certo o velho ditado que vaticina que comer e coçar, é só começar...
Creio numa atuação em quatro bases, para o bem do burocrata, da nação e da própria burocracia. A atuação na tecnicalidade do estado(1) tem que ser moderada por uma reflexão acadêmica-científica (2), de modo a lhe evitar os vícios e oxigenar as ideias. Sobretudo, porque o burocrata, além de executar, deve pensar.
Ainda, defendo a vivência cidadã, a experimentação do espírito associativo. É preciso o envolvimento para o conhecimento da realidade em que vive, e a atuação para modificá-la. Associações de classe, de bairro, de pais e mestres, de igrejas, enfim.... A sociedade cria esses espaços, mas é necessário iniciativa para preenchê-los.
Por fim, a cidadania também pede envolvimento político. Mais que isso, defendo que as pessoas tomem partido. O conteúdo é mais importante que o processo, não que este não tenha o seu valor. E, junto com a reflexão acadêmica, a expressão programática da política não deve ser evitada. Tecnocracia e política não deveriam ser termos contraditórios. A política nos invade em vários aspectos. Negá-la é aceitá-la silenciosamente, eximindo-se do direito de fazer escolhas.
Que os novos servidores públicos consigam perceber seu verdadeiro papel enquanto agentes transformadores da nação. Elo entre o Estado e a sociedade, e parte de cada um deles. Entendendo e servindo de canal para as forças sociais, e não se autoreferenciando como a expressão mais esclarecida do dever ser do país. Para isso é que nos serve a democracia e a transparência, valores maiores que a tecno-burocracia.

Um comentário:

  1. Rapaz,
    mas que surpresa agradibilíssima. Excelente o blog. Excelente. Tem conteúdo até quando fala de futebol! Seja bem vindo ao universo virtual. Eu tava aqui na expectativa de ser o primeiro a escrever daí quando vi um comentário fiquei meio triste mas, quando fui ver do que se tratava, desconsiderei o comentário. Logo, tenho a honra de inaugurar materialmente os comentários no blog. Que nos ajude sempre com a reflexão de qualidade.
    Parabéns.
    Abraços.

    ResponderExcluir