domingo, 4 de abril de 2010

Futebol e religião: uma mistura sadia?

Escrevi outra vez sobre as semelhanças entre os clube/empresas de futebol profissional e as igrejas protestantes neopentecostais. Agora esse episódio dos "Meninos da Vila" me faz voltar ao tema. Aconteceu que o Santos preparou uma visita de seus atletas a uma instituição espírita que cuidava de crianças carentes para um atividade beneficente por ocasião da páscoa. Alguns dos jogadores mais assediados, no entanto, decidiram não descer do ônibus, causando grande constrangimento, por serem evangélicos e apontarem a instituição espírita como lugar do "coisa ruim".

Dificilmente um fiel da igreja que goste de futebol vai mudar de time por conta da vinculação da imagem de um jogador "irmão" a determinado time. Até porque é muito difícil que esse jogador fique muito tempo num time só. É mais razoável supor que a imagem desses jogadores atraiam pessoas à sua igreja, que pode ser entendida como parte da justificativa para seu sucesso. O clube passa a ser mais um veículo de propaganda das igrejas.

São paixões, símbolos e crenças que viram um grande negócio, e os negócios, que já se parecem, se entrelaçam cada vez mais. O esporte, incentivo à saúde, à disciplina, ao estabelecimento de metas e à busca dos objetivos, vira também a apologia a uma prática religiosa. Em tempos de intolerância, pode alimentar a segmentação. Tanto que a FIFA proibiu manifestações de cunho religioso nas suas competições.

Dada que a origem social da maioria dos jogadores seja justamente o foco de atuação dessas igrejas, é normal que essa relação aconteça. Também considero que elas possam sim ter influência, ao menos indireta, no sucesso desses atletas, ao desviá-los de práticas menos nobres. Todavia, não acho sadia essa mistura de paixões e crenças. Preferências futebolística e religiosa não se discutem, nem deveriam se misturar desse tanto.

Um comentário:

  1. Eu sempre penso que a pessoa tem de ser posta acima de tudo, antes da politica, do futebol e até mesmo da religião. No caso dos "meninos da vila" não sei se tão meninos assim pois já exercem um poder de formação de carater que muitos homens não tem e nunca vão ter, lógico não tem nem o porque de se discutir esse tal poder que exercem nas massas, ainda mais sobre as crianças que tambem são meninos. Mas pra não perder o foco eu creio que os "meninos da vila" e todo o circo que os acompanham não perceberam o mal que com certeza causaram a meninos e meninas que não escolheram a instituição que os acolheriam, pois tenho certeza que por eles estariam com suas familias, que por um motivo ou outro os abandonaram! E agora se ponha no lugar desses meninos e meninas contando os dias, horas e minutos para ter um sorriso ou até mesmo um carinho por menor que seja de seus IDOLOS! E por questões "religiosas" são abandonados por outros "meninos" só que são da "vila"! Eu sinceramente aplaudi, sim! Pois pelo que sei nem todos foram embora alguns ficaram, mas já não foi aquela coisa, não estavam lá os grandes nomes de hoje! E cade aquela coisa que todo mundo ouve quando fala com um "religioso" que primeiro pensamos no proximo! ainda mais se o proximo for uma criança sem chance de escolhas! Então aqui fica um conselho pros "meninos da vila": "deixem vir a mim as criançinhas" ou vá até elas, não importa aonde estão!

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