domingo, 27 de junho de 2010

O que agregam os Vices?

Já tinha postado aqui um artigo sobre a escolha dos Vices. Falava da importância da definição dos nomes para refletir sobre o conteúdo programático de cada chapa. Uma chapa Dilma e Temer, por certo, seria diferente de uma chapa de Dilma e Meirelles, ou Dilma e Geddel, por exemplo.

No entanto, vou deixar essa discussão sobre conteúdo programático pra depois. Fico pensando agora o que cada um dos principais vices escolhidos agregam na corrida eleitoral.

Primeiro, creio que o Vice da Marina, Guilherme Leal, o homem da Natura, ajuda a diminuir as resistências do empresariado à candidata verde. Além disso, ela, se apresentando como líder, diferente dos perfis gerenciais de Serra e Dilma, agrega a chapa um homem de sucesso no mundo dos negócios, porque não, um gerente. Em termos eleitorais, não tem apresentado, até agora, qualquer resultado.

Segundo, Temer, com certeza, agrega no grau de governabilidade de um possível / provável futuro governo Dilma. A despeito de algumas dissidências regionais, consegue dar o maior grau de unidade possível a um partido diverso, justamente o maior partido em número de filiados e constantemente uma das maiores bancadas do Congresso Nacional. E é na governabilidade que o PMDB já agrega ao governo Lula, aprovado por imensa maioria da população, é que está a sua grande ajuda. Ajuda mais porque não atrapalha, mesmo com Sarneys, Barbalhos e Calheiros

Terceiro, o vice do Serra, até agora, Álvardo Dias, conformando a chapa puro sangue paulista e tucana da oposição. Serra, com Dias, agregou confusão no lado oposicionista. Minha hipótese é que o ex-presidente-eleito José Serra  quer, mesmo saindo das eleições derrotado, continuar sendo homem importante no ninho tucano, e quer escolher ele próprio a principal voz da oposição. Alça um tucano próximo e tenta pôr Aécio à margem, que terá a sombra de um senador tucano candidato a vice-presidente no Senado Federal. E o DEM fica sempre com a segunda posição na chapa. 

Senão, vejamos. Serra é derrotado e dificilmente concorrerá de novo. Se o vice fosse do DEM, um nome forte, conhecido, talvez esse nome encarnasse a voz oposicionista e se cacifasse para as próximas eleições. Emplacando o nome de Álvaro Dias, mantém o PSDB como a principal voz da oposição para ser a cabeça de chapa em 2014, sem deixar de cutucar Aécio pelas mágoas deixadas pelo mineiro não aceitar baixar a cabeça para Serra.

Serra quis puxar para si a decisão sobre o futuro da oposição brasileira, que parece ir, junto com ele, ladeira abaixo. O DEM esperneia, mas os escândalos no DF e o seu discurso radical contra um governo com altíssima aprovação também o encaminham para o definhamento.

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